
10 set Em cada dez trabalhadores, oito têm dívidas
Ansiedade, dor de cabeça, insônia, estresse. Parece até sintoma de que alguma coisa não vai muito bem no organismo, mas, na verdade, o problema está no bolso. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), oito em cada dez trabalhadores brasileiros vivem algum problema financeiro.
No geral, a metade ganha o suficiente, mas não sobra nada, enquanto 32% gasta tudo e ainda recorrem ao crédito. E só 18% conseguem pagar as contas e guardar algum valor. Até aí, a gente sabe que em tempos de crise, a saúde do orçamento do trabalhador não vai bem. Mas o que chamou atenção no levantamento que é que as dívidas do funcionário não é mais uma preocupação que ele deixou em casa.
“Esse, sem dúvida, é aquele trabalhador desmotivado, sem sonhos. Essa situação impacta diretamente no rendimento, pois esse funcionário não conseguirá focar a atenção no trabalho, invariavelmente irá receber ligações de cobradores, fazendo com que fique mais estressado”, pontua o presidente da ABEFIN, Reinaldo Domingos.
E as empresas já estão começando a entender isso. A Nutricash, por exemplo, além de palestras de educação financeira, investiu em consultoria, eloboração de kit poupança para os filhos dos funcionários e distribuição de cofrinhos. “Um funcionário endividado traz transtornos para a empresa e então despertamos para o tema. Dos 80 funcionários que nós temos em Salvador, 24 deles se inscreveram para a consultoria com o educador financeiro”, afirma o coordenador de marketing da Nuricash, Marcelo Gonçalves.
Luz no fim do túnel
No entanto, sair das dívidas não é tarefa fácil. Antes de bater a meta e organizar as finanças, a funcionária pública Mariana Mota conheceu muito bem o desânimo de trabalhar 44 horas por semana e buscar uma complementação extra na renda só para pagar conta. “A pressão sobe, você vai ao médico e ele diz que você precisa desestressar. Mas como, numa situação dessas? Você conta os dias para o dinheiro cair na conta e quanto ele chega o que sobra é déficit”.
O nome do problema de Mariana se chama empréstimo consignado. Os três que teve que contratar comprometeram metade do salário. “É uma ginástica muito grande para você manter o seu equilíbrio emocional quando está endividado. A lição que fica é que a gente tem que usar aquilo que a gente tem. Por que esse dinheiro que você pega vai ter que pagar, e com juros”, pontua.
Mariana está fazendo bem o dever de casa, como afirma a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Segundo dados do último Indicador de Propensão ao Consumo divulgado pela entidade, apenas 13% dos consumidores estavam com as contas no azul.“É preciso ter controle, organizar as contas. Analisar se o padrão de vida está dentro do orçamento e a partir daí fazer as mudanças e sair do aperto”, diz.
Para o diretor de dados e pesquisas econômicas do GuiaBolso, Márcio Reis, diante do endividamento, o quanto antes a pessoa tomar uma atitude, melhor. “Estabeleça uma meta de economia que deve ser feita para o pagamento das dívidas. Comece o pagamento pelas dívidas mais caras, aquelas que possuem as maiores taxas de juros. São elas que fazem o bolo crescer”, aconselha.
Fonte: MaisPB